domingo, 28 de fevereiro de 2010

a imitação do humano

a literatura é, antes de tudo, uma mímese da natureza que rodeia o humano e também a natureza humana. isso foi postulado por Aristóteles em sua Arte Poética e tem sido a base para os estudos literários. Forster foi um teórico da literatura e é daí que eu o conheço. foi ele que dissertou sobre a natureza das personagens, criando um novo eixo de análise: separou-as em planas e esféricas. analisando os tipos humanos e as pessoas com as quais topamos em nosso dia-a-dia fica fácil entender porque dessa classificação e também porque a esfera nos atrai mais do que o plano. vamos pensar assim: todo mundo consegue ver aquilo que está em um plano, é visível para todos. agora e dentro de uma esfera, alguém sabe o que tem dentro de uma esfera? é imprevisível até que você a parta e veja se ela é completamente cheia de isopor ou de algo que você olhe e diga UAU! Forster partiu dessa ideia de que nós podemos ser dotados de todas as previsibilidades possíveis ou de completas reviravoltas e deixa claro que aqueles que dão o tom são os capazes de reviravoltas. são os complexos. cheios de características psicológicas que ao invés de os delimitarem perante o leitor, criam mais e mais dúvidas: mas por que diabos eles agem assim, essas esferas que nos fazem tropeçar e inquirir sobre as coisas do mundo que queremos ignorar?
interessante notar como essa classificação é válida na vida real. temos tipos planos e esféricos que nos rodeiam. os previsíveis e os mistérios. dentro de Maurice dá pra ver bem essa divisão: Alec é um personagem esférico, apesar de ser um coadjuvante, Maurice pode ser colocado nessa classificação e Clive o que seria? fica aí minha pergunta. é sabido que o Forster, ele próprio homossexual, utilizou a narrativa para se posicionar. para estabelecer para si a própria história de sua vida, alguns dizem que Maurice é seu alter-ego.

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