quinta-feira, 22 de abril de 2010

Da carta.

Senhor Maurice. Querido Senhor.

Esperei duas noites na casa de barcos. Disse  a casa de barcos, porque tinham levado a escada e no bosque é úmido demais pra deitar. Por isso por favor venha para a casa de barcos amanhã à noite, ou na outra, fale para os outros cavalheiros que quer dar uma volta, o que é fácil, e venha para a casa de barcos. Querido, vamos nos unir uma vez mais antes que eu abandone a velha inglaterra, se nao for pedir muito. Desde o jogo de criquete  quero muito falar com o senhor, quero segurar o senhor com um dos meus braços, depois com dois, para nos unirmos; o que escrevi agora parece mais doce do que as palavras podem dizer. Sei muito bem que sou apenas um criado e nunca me aproveitaria de sua bondade afetuosa para tomar liberdades ou qualquer outra coisa. 

                                                                                           Respeitosamente seu,




                                                                                           A. Scudder.






Eu gosto demais desta carta. Porque ela fala tanto da pessoa Scudder. Dos seus sonhos. Das suas aspirações. Da pessoa pratica acostumada a pensar em soluções para os outros. Da fome de carinho, afeição e ternura que ele expressa em frases diretas e desprovidas de melosidade. Penso que Scudder é uma aspiração do proprio Forster. O cavaleiro branco que o salvaria de uma vida de solidão. Não sabemos que tipo de agonia Scudder sofre. Sabemos que ele é o mais corajoso e destemido dos três. A pessoa que não tem medo de arriscar. Ele tem esse misto de timidez, malicia, ingenuidade, sonho e ousadia. Quem é esse Scudder que invade janelas e salta de navios ? Nunca saberemos ao certo. Só sabemos que eles causam estragos.

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