quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Da Segunda Carta De Scudder







" Senhor Hall, vou pra Londres na terça feira. Se não quer que eu aparece em sua casa, diga onde em Londres, é melhor que vá ao meu encontro. Ou poderá se arrepender. Senhor, nada digno de nota ocorreu depois que foi embora de Penge. O criquete parece ter acabado,certas árvores grandes perderam algumas folhas, muito cedo esse ano. " 

Cordialmente
A.Scudder

Alec estava terrivelmente aflito ao escrever essa segunda carta. Magoado, ferido e humilhado ele tenta coagir Maurice a se encontrar com ele. Escrevendo uma carta puramente de chantagem. Solitario e desiludido ele deixa escapar em algumas linhas a fome de afeto, carinho e ternura que parecem consumi-lo. Sem se dar conta ele deixa escapar que passou a contar o tempo das coisas tendo como base a visita de Maurice. 

A solidão de Alec é desoladora, e ele aplaca isso não transando loucamente, mas falando pra um incerto e escorregadio companheiro sobre as folhas que caem das arvores. 

A carta prossegue nessa mistura de raiva, solidão e desespero. Ao mesmo tempo que tenta ferir Maurice com palavas Alec tenta trazer pra parte de si com os relatos do cotidiano esse poderia ser o seu unico companheiro.

Numa serie de posts eu e a Lilah tentamos explicar mais pra nós mesmos que para os outros que é um mito que os gays sejam mais ou menos promiscuos que qualquer pessoa.

Você pode discordar de mim e da Lilah que não somos ninguém no baile. Mas quero ver você ter coragem de discordar do E. M. Forster que já abordava o tema em 1913. 

Maurice é Alec não necessitam apenas de sexo e luxuria. Antes disso eles ansiavam pela possibilidade de se corresponderem sobre a banalidade das folhas que caem antes do tempo.